A Lógica Distorcida do Cotidiano

"O nosso inconsciente tem um objetivo, que é nos manter inconscientes."
                                                                                                          Deepak Chopra




Ao perguntarmos a qualquer pessoa o que é uma "meia calça" feminina, a maior parte das pessoas não consegue elaborar um resposta simples. O substantivo "meia calça" não refere-se a uma "calça pela metade" mas sim uma "meia que veste como uma calça". Parece uma explicação para idiotas, mas o nosso cérebro, pela necessidade que tem de organizar as informações, muitas vezes faz associações equivocadas e nos proporciona avaliações erradas. O crítico neste tipo de distorção é o hábito cotidiano de interagirmos com inúmeros dados sem nos atentarmos para seus significados e seus operadores lógicos. Os meios de comunicações nos expõem à inúmeras informações as quais não fazemos nenhuma avaliação consistente. A consequência principal disso é o desenvolvimento de uma realidade ligeiramente distorcida, portanto falso.



Para desenvolvermos um senso crítico básico e exercitar a busca pelo esclarecimento, devemos relembrar que a principal característica do  da civilização ocidental foi a identificação da "razão". O termo razão originou-se da palavra "logos" que significa "palavra ou verbo". Desta forma é possível entender que ao criarmos uma palavra identificando qualquer coisa, atribuímos um significado e, portanto, damos uma "razão" de ser a esta coisa. A "razão" não significa nada mais do que um significado, ou melhor, um motivo de ser. Dentro desta idéia, o pensamento do homem ocidental foi construido de forma a organizar seu conhecimento e criar uma "razão" de ser. Poderíamos resumir, afirmando que o homen ocidental procurou apenas arranjar "sentido" às coisas.


Apesar de entendermos e utilizarmos a razão, é comun caírmos em inúmeras armadilhas e ficarmos presos à idéias e conceitos equivocados ou, pelo menos, distorcidos. Vou dar alguns exemplos práticos do nosso cotidiano:


Exemplo-1: Taxa de desemprego do país - o Brasil possui uma taxa média de 13 % de desemprego enquanto os países em crise econômica, desde 2008, apresentam taxas entre 5,2 e 9,5%. Portanto, estamos com altos índices de desemprego, mas esta informaçõe é divulgada pela imprensa com o uso da expressão "apenas", assim interpretamos que a nossa taxa seria normal.


Exemplo-2: Mão de obra qualificada - as recentes pesquisas apontam para a  sugerida falta de mão de obra qualificada, principalmente na construção civil, o que, em principio , explicaria o excesso de vagas mas não de profissionais. Para  avalairmos melhor esta informação, façamos uma pergunta: precisamos de mão de obra qualificada considerando o tipo de contrução que fazemos em nosso país?


Exemplo-3: Violência urbana - é comum vermos operações policiais seguidas de inúmeras mortes em diferentes cidades brasileiras. A alegação dada pelas autoridades e a imprensa é que os idividuos mortos eram traficantes. Avaliando este dado teríamos duas questões à ponderar:


1o) não é por que são traficantes que devem ser mortos;


2o) com base em que afirma-se que eles eram traficantes?



Poderíamos descrever aqui inúmeros outros exemplos de informações distorcidas com as quais somos bombardeado diariamente. Mas o importante a entender é que qualquer coisa percebida pelo nosso cérebo é tratada como uma informação, este processa e, de algum forma, tenta criar um "sentido". Durante o input de um dado qualquer não nos atentamos para os inúmeros operadores lógicos que podem afetar a construção do nosso pensamento, tranformando-os em uma bela "bagunça". Assim, ordinariamente passamos a aceitar as coisas,  não como elas são, mais sim como as mesmas estão organizadas em nossa mente racional.

Ao avaliarmos qualquer tipo de informação, principalmente as escritas, ponderamos a existência de alguns operadores lógicos que são responsáveis por associações importantes. Entre os operadores mais utilizados sitamos  "e", "ou", "se", etc. Atualmente, com a evolução e difusão dos meios de comunicação, outros operadores lógicos estão sendo utilizados: "apenas", "tudo", "nada", "média", "erro", etc.


Diante do exposto, precisamos entender que é necessário desenvolver um análise mais ampla diante das informações com as quais interagimos diariamente. Estas podem ser cotidianas, corporativas ou mesmos estratégicas, mas o tratamento de um dado utilizando a lógica correta, ou seja, uma razão de ser, resultará nas melhores decisões. O que não podemos é nos deixar levar por erros de associações e interpretações  criadoras de uma lógica distorcida e perversa.

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