Mente Confusa - Continuação

Grande parte dos questionamento que fizemos ao longo de nossas vidas são inquietantes, pelo simples fato de avaliarmos de forma pequena a nossa existência. Usualmente atribuímos um valor maior aos problemas diários do que eles verdadeiramente possuem. Segundo alguns autores, isso é resultado do nosso "ego", ou seja, da consciência que temos de nos mesmos. De alguma forma, o fato de termos consciência de nosso corpo e de sua interação com o meio externos, acaba nos prendendo em si próprios. O corpo, para muitas pessoas , acaba sendo a sua própria prisão.

Vivemos buscando o prazer e fugindo da dor. A interação que temos com o primeiro, usualemnte denominamos de AMOR e com o segundo, MEDO. Podemos afirmar que somos escravos do AMOR e do MEDO. A libertação destes dois sentimentos, exaustivamente motivados pelas religiões e, modernamente, pela mídia, parece uma coisa impossível. Observa-se isso facilmente nos casamentos. Prometemos juras de amor eterno e incondicional, inúmeras vezes ao longo de nossas vidas. Isso parece tão arraigado na maioria das pessoas, que a vida só passa a ter sentido e significado quando encontram um amor incondicional.

Avaliando racionalmente este comportamento, podemos identificar que alguma coisa está errado. A natureza como uma grade professora nos ensina diariamente que nada nos pertence e não sabemos o dia de nossa partida, mas continuamos a viver como se ficássemos vivos eternamente, nesta mesma condição.

Parece complexo, mas devemos nos deixar perceber que somos um parte do todo e, de alguma forma, este possui uma dinâmica de movimento ao qual devemos estar alinhados. O nosso apego à inúmeras coisas ditas importantes, nos impede, pelo medo, de desenvolvermos relacionamentos mais amplos e saudáveis. Na maioria das vezes consideramos os familaires as únicas pessoas com as quais devemos desenvolver algum tipo de interação mais verdadeira, para os demais criamos uma "persona" (máscara), que só existe se mentirmos muito durante nosso dia-a-dia. Obviamente, isso decorre do medo que nossas fraquezas sejam utilizadas contra nós mesmos.

Não creio que tenhamos uma saída rápida deste processo cultural milenar da civilização galgado no AMOR e no MEDO, mas poderemos começar exercitando com um célebre poema de Fernando Pessoa:

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

E para completar pediria que a leitura do poema abaixo, de um autor desconhecido, seja feita de forma tranquila e serena, buscando a dimensão maior de nossa passagem por este mundo:

" Não chore ao pé do meu túmulo,

Pois não estou lá.

Não durmo.

Sou mil ventos que sopram,

Sou o reluzir do diamante na neve,

Sou a luz do sol sobre o grão maduro,

Sou a chuva amena do outono

No suave silêncio da luz da manhã,

Sou o pássaro que voa célere.

Não chore ao pé do meu túmulo,

Não estou lá, não morri."

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