" O pensamento ocidental afogou-se na mentalidade científica e,
arrogantemente, chamamos isso de Iluminismo."
Nassim N. Taleb
O tema inovação vem sendo discutido a todo momento nas instituições de ensino e empresas. No Brasil há um relação equivocada entre inovação e empreendedorismo, o que atrapalha muito as duas definições. Aliás, fazemos muitas confusões com diferentes termos, por exemplo: marketing x propaganda; liderança x gerência; venda x negociação, até mesmo democracia x república. A falta de clareza nas definições atrapalha o entendimento e, naturalmente, a eficácia na abordagem.
O temos inovação é originário do latim innovate o qual refere-se a introduzir uma mudança. A tradução mais utilizada nos dicionários portugueses atribuem ainda os significados de inventar e criar. Especificamente este ultimo, utilizado de forma equivocada pois, segundo Huberto Rohden, criar é um forma vulgar de dizer crear, este por sua vez refere-se ao ato de gerar, dar existência. Como não temos a capacidade de "dar existência", o melhor significado para a palavra inovação seria transformação. Portanto, todos somos transformadores ou na melhor hipótese pró-creadores.
Com a definição mais clara do que seja inovação, pode-se entender que a mesma pode ser aplicada tanto nos processo quanto nos resultados. Sendo assim, pode-se transformar ou mudar um sistema produtivo, um procedimento ou mesmo um produto. Porém, é importante destacar que"melhorias" não pode ser consideradas "inovação", haja vista que otimizar, tornar mais eficienteou eficaz algo, necessariamente, não requer uma transformação.
A busca continua pela inovação é tão importante que já foram desenvolvidas diversas ferramentas para organizar o processo de transformação que se deseja obter. Entre as mais utilizados estão:
- Brainstorms: reuniões organizadas para liberar e estimular idéias e sobre determinado tema;
- Mapas Metais (Mind Maps) : procedimento associativo que visa simular o funcionamento de nossa mente na solução de problemas e questões;
- SCAMPER: técnica que utiliza operadores de forma a orientar a busca por uma inovação - S (substituir); C ( Combinar); A ( Adaptar); M (modificar); P (procurar outra aplicação); E (Eliminar); R (rearrumar).
Naturalmente, pode-se utilizar as três ferramentas integradas na forma de um brainstorm mais direcionado.
Avaliando as ferramentas disponíveis, parece que o processo de inovação é simples, mas por que não observamos mais inovações no nosso dia-a-dia? Por que as ferramentas por si só não garantem a dinâmica da inovação? Estas questão possuem 4 respostas:
- Incapacidade dos "lideres" em vislumbrar as mudanças eminentes;
- Resistência Natural das pessoas à mudanças (transformação);
- Gastos, mudança incorre em investimento que usualmente são tratados como custos;
- Riscos, o fato de fazermos inovação não garante o resultado esperado, seja no processo, produto ou mercado.
Dos quatro fatores que influenciam na inovação, o gasto é inerente ao processo, porém o mais critico é a percepção da liderança neste sentido. Vale lembrar que os filósofos gregos já tinham determinado que a única coisa constante no mundo é a "mudança". Por outro lado, a resistência a mudanças e os riscos, estes podem ser reduzidos avaliando-se alguns pontos importantes. Quando Theodore Levitt em seu artigo "Miopia do Marketing" sinalizou, de forma polêmica, a importância da inovação como forma de desenvolvimento mercadológico, mesmo sem perceber, apresentou parâmetros para a realização de mudanças de forma consistentes. Posteriormente, outros autores reforçaram, de forma indireta, as suas idéias. Para não alongar as descrições, a seguir são apresentados, de forma objetiva, os parâmetros mais importantes para o desenvolvimento de inovações:
1) A inovação deve atender a um sistema aberto - usualmente as propostas de inovação são avaliadas considerando parâmetros causais (causa-efeito) e utilizando ferramentas estatísticas (sistemas fechados), desta forma apenas um número restrito de variáveis é avaliada e a percepção de sucesso ou viés pode ser equivocada.
2) Toda inovação deve reduzir o tempo de execução de uma atividade, tarefa ou procedimento;
3) Toda inovação deve remover barreiras de espaço, idéias e informações;
4) Aceite que é impossível prever os resultados e impactos de uma inovação em sistemas abertos.
Bem, diante do exposto acredito que agora poderemos ponderar melhor as variáveis quando decidirmos promover inovação em nossas empresas ou mesmo nossas vidas. Sucesso!
Bibliografia:
Domênico de Masi; O Ócio Criativo; Sextante - 2000.
Ernst Tugendhat; Lições sobre Ética; Vozes - 1997.
Huberto Rohden; O Homen; Martin Claret.
John Bessant et al; Gestão da Inovação; Bookman Companhia Ed. - 2008.
Leonard Mledinow, et al; O Andar do Bêbado; Jorge Zahar - 2009.
Theodore Levitt; A Imaginação do Marketing; Atlas - 1990.
Tony Buzan et al.; Mapas Mentais; Sextante - 2009.
Nenhum comentário:
Postar um comentário